Antes de abrir o Kirom, um espaço voltado para saúde e autoconhecimento, me formei em administração e trabalhei a maior parte do tempo com marketing. Desde a faculdade, depois de pegar todas as dp's de contabilidade e finanças, sabia que não trabalharia no mercado financeiro. Também desde o meu primeiro emprego em publicidade, sabia que vender não era minha praia.
Anos se passaram e tive então a oportunidade/privilégio de idealizar o Kirom, e mais tarde recebi o chamado de me tornar instrutora de Yoga. E essa coisa de chamado, propósito, seguir o que faz o coração vibrar... é muito bonita e admirável. Mas como tudo na vida, carrega momentos de vazio, questionamentos e frustração.
E dentre os questionamentos, aqui vai o do momento: autoconhecimento não é sexy.
Veja bem, hoje em dia é super sexy dizer que está em dia com a terapia ou que começou a praticar yoga. Porém envolver-se de fato com esses processos, ou com qualquer outra jornada de olhar interno, está longe de ser confortável, instagramável, quentinho... e portanto, nem todo mundo está realmente interessado.
Meu mestre de yoga um dia alertou pra não nos iludirmos com aquele aluno que logo após sua primeira experiência diz empolgado que foi maravilhoso e que volta amanhã! Diz ele que, geralmente, esse é o aluno que muito cedo perde o interesse e desiste. Autoconhecimento não é atraente. Terão dias de prática fluida, silêncio interno, ordem, conforto e paz. Mas terão tantos outros de caos, desordem, desespero, ansiedade. E quem não tá preparado pra botar ordem na casa, pra lidar com as dores e delícias de ser quem é, lá no fundo, simplesmente não fica por muito tempo, não se envolve.
Ao mesmo tempo, parte da nossa felicidade, enquanto seres humanos sociáveis, está em ser reconhecido, aprovado. E a (dura) verdade é que nem sempre esse reconhecimento e aprovação virá daqueles que estão mais próximos, e talvez nem em grande escala.
Numa sociedade que hoje valoriza pessoas, empresas e profissionais com base na quantidade de curtidas, seguidores e views... difícil não se frustrar ao comparar interesse n'outros eventos, posts, conteúdos. E ainda que a comparação com outro tipo de conteúdos não faça sentido, no fim, estamos todos brigando por (algum tipo de) atenção finita, no online ou vida real. E por mais que falar sobre autoconhecimento, terapia e yoga esteja em alta... se envolver de fato com eles não é, e talvez nunca será sexy, instantâneo, instagramável.
Respiro fundo, desacelero e procuro compreender a importância do tempo e constância para construir com qualidade em estrutura sólida. Lembro das palavras daquela que chamo de "guru", a qual me ensina que entre a semente e os frutos existe muita água, espera, sol, suor, esforço e tempo, tempo, tempo.
Passo a passo, "educar é semear com sabedoria e colher com paciência" (Augusto Cury).
Seguimos!
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