Conceitos para Terapia Holística: Fluidez
- José Roberto
- 1 de jun. de 2021
- 3 min de leitura
Atualizado: 24 de jun. de 2021

Fonte: reintegrarpsicologia/grupo-de-movimento
Não é segredo que cada palavra e cada conceito tomem proporções e assumam entendimentos diferentes dependendo do contexto no qual eles estão inseridos. Sem ater-me ao método e ao rigor que exige a escrita desse tipo de abordagem, quero trazer aqui, da forma mais leve possível, o conceito de “Fluidez” para o centro do pensamento Holístico e da Terapêutica.
A Fluidez tem uma abrangência ímpar no contexto do pensamento holístico, sob sua ótica existem algumas palavras chaves que a expressam e se tornam sinônimos da mesma, palavras essas que também compõem a noção de Fluidez sob a ótica Holística. As palavras que fazem essa tripla função são: “movimento”, “dinâmico”, “fluxo” e “caminho”, elas ajudam Fluidez encarnar a sua principal característica – movimento flexível e dinâmico. Todas estas palavras e a própria Fluidez, trazem em si a ideia de transformação ativa, que se movimenta e se reinventa em si só – isso é a noção básica de fluxo dinâmico que mantém as coisas que existem no cosmos em um equilíbrio constante dentro do pensamento Holístico. Assim Fluidez é pressuposto e finalidade deste equilíbrio e, quando não há movimento, há então Estagnação – que é, por sua vez, o lado inverso e não excludente de Fluidez.
Mas por que o Fluidez é tão importante?
Bem, quando há ausência de Fluidez e as coisas entram em Estagnação, problemas passam a acontecer: doenças, desconfortos, enfermidades, desarranjos e etc. A questão não é trata-las como antônimo, mas sim entender que a ausência, ou o excesso, de um torna as coisas predispostas ao outro, por exemplo: na natureza pressupõe-se que o “movimento” é a forma básica das coisas, elas nascem, se desenvolvem e morrem. Neste ciclo o equilíbrio é gerado pelo movimento das coisas, a transformação cria os caminhos para esse movimento e o desenvolvimento gera a dinâmica que dá força aos caminhos se abrirem e sustentarem. A Estagnação fica presente no princípio e no final de tudo, ela é o nascimento e a morte, enquanto a Fluidez é todo o sistema em balanço, incluindo os momentos de Estagnação, que geram fluxo nas coisas da vida.
A Estagnação das coisas só gerará problemas quando esta for “precoce” ao momento que a precede, todas as coisas em um ciclo tem seu momento de estagnação, de começo e de fim, isso não é estar ausente do movimento maior do fluxo da vida gerado pela Fluidez das coisas, é estar em equilíbrio com algo maior do que seu princípio, imagine nossa galáxia: ela é composta por nosso sistema solar, que por sua vez é compostos por planetas, dos quais temos a terra, continentes, países, cidades, bairros, casas, pessoas e você lendo este texto, você está em movimento em relação a qual dessas coisas? É esta a ideia.
Dentro da relação Estagnação e Fluidez, para ficar claro, os problemas só aparecem quando há Força, seja para um lado, ou para outro, que vá de encontro ao equilíbrio dinâmico de si próprio. Esta Força, a longo prazo, gera um estado completo de desgaste que precisa ser olhado sob o ponto de vista da “ausência” no macro e do “excesso” no micro. A ausência de movimento no equilíbrio com as coisas ao nosso redor é, por vezes, causada pelo excesso de força dentro de nós mesmos para manter algo da forma que esta, gerando assim a falta de movimento que gerará a Estagnação prematura, causando assim desequilíbrio – veja, porém, que o desequilíbrio não é causar uma “bagunça” em algo que está ordenado, mas forçar a parada do movimento das coisas.
Essa leitura cheia de dualidade se aproxima muito da concepção cosmogônica do Taoísmo e, de certa maneira, representa um pouco a interação de transformação do Yin Yang. Outras abordagens filosóficas - tais como a própria cosmogonia Grega e as concepções hinduístas e budistas de mundo - também podem ser encontradas em Movimento se relacionando a essa ideia. Nesses lugares, além de uma leitura de mundo, também funcionam como uma metáfora da capacidade humana, de transformação e expansão, aproximando ainda mais o ser humano dos ciclos naturais da vida.
O conceito de Fluidez pode ser aplicado de várias formas na terapêutica holística. O primeiro e mais direto é entender que a queixa trazida pelo paciente não é excesso de algo que fez ou faz de errado, mas é a força que exerce para não seguir sua própria natureza. Outra abordagem bacana pode ser aplicar a Fluidez metaforicamente como movimento, conduzindo seu paciente para canalizar as próprias forças em algo bom para si próprio. As aplicações são muitas quando pensamos neste conceito e, uma vez que a técnica pode ser direcionada para tal, o céu se torna o limite.

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