Quando ela está por perto
- Gui Vilaggio
- 14 de set. de 2021
- 1 min de leitura

lá vem ela de novo,
Sorriso largo, farto. Sem miséria.
Com seu jeito deselegante de andar,
um pouco anos 50. Ela nunca se importou.
Mas faz questão de mostrar seu novo vestido
e me faz mais feliz por perguntar como foi meu dia
não dá pra não retribuir quando ela diz estar com saudades
e pra eu aparecer mais, pra lembrar juntos do nosso passado
de um tempo que caminhávamos de mãos dadas,
no calçadão de uma praia qualquer.
Continua amando as músicas de ontem
na sua vitrola de casa (não é vintage, ela jura).
onde o Rei segue rei.
a gente se divertiu com tão pouco, lembra?
bastava uma meia dúzia de palavras cruzadas, ou um baralho
Pra nos fazer feliz,
A embriaguez ficava por conta da Fanta Uva
Doce, como você
E marcante, como nosso encontro em vida.
A distância entre nós
É puramente ilustrativa
E ela sabe. Porque foi o que sempre me ensinou.
Sem graça, ao final do jantar
ela me puxa de canto e me pergunta, de novo
sutil, como sempre foi pela vida inteira
- Posso repetir?
- Pode vó, claro. Só hoje, sem abusar.
ps: para Clarice Aparecida Dias Vilaggio, que com o cabo da vassoura me ensinou que a vida é mais do que escrever em um blog e menos difícil do que a gente imagina.

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