Sincronicidade: a arte simbólica de estar em conexão dentro e fora
- Ligia Cruz
- 18 de mai. de 2021
- 2 min de leitura

Você já deve ter passado por alguma das seguintes situações: pensar em alguém e esse alguém te ligar ou mandar mensagem, falar sobre um assunto e algo relacionado a esse assunto acontecer quase que instantaneamente, sonhos premonitórios, ver números repetidos ou até mesmo fazer uma consulta oracular. Pois é, tem quem chame esses eventos de coincidência, mas o termo que melhor descreve essas situações é SINCRONICIDADE e para entender melhor sobre o assunto nada melhor que começar pelo começo, acompanhe...
Para Gustav Carl Jung, ‘pai’ do termo, o conceito de sincronicidade constitui-se de dois acontecimentos: um interior e outro exterior, os que ocorrem simultaneamente sem ter entre si uma ligação passível de explicação racional, porém, para quem vivencia esse fenômeno, o instante que esse evento acontece toma um sentido simbólico, como um alinhamento mágico, divinatório ou premonitório.
Jung percebeu existir uma ligação entre o indivíduo e o ambiente em torno dele, o que favorece as circunstâncias "coincidentes", criando assim um valor específico, permeado de simbologia. Para Jung diferentes eventos podem estar ligados não só pela causalidade (causa-efeito) mas também pelo significado daquele acontecimento (sentido simbólico). Eventos independentes, mas coincidentes, estão na verdade ligados a outros eventos paralelos que possuem ligação entre si, como uma teia de eventos que possuem conexões, pontos em comum. Muito semelhante com a estrutura que tem a nossa mente - uma teia de neurônios - que emitem sinais independentes e que quando agrupados geram pensamentos, sentimentos, emoções sem que precisemos compreender de maneira lógica, apenas acontecem.
Dessa forma a coincidência significativa, sincronicidade, aparece como forma de ‘solução/aprovação' para algum questionamento, ou inquietude interior, mediante ao evento externo. Esse evento externo se alinha com o repertório interior de cada um acionando algo que, provavelmente, esteve o tempo todo guardado dentro de sua mente e que surge nesse momento específico, como um gatilho simbólico que traz sentido. É de se notar que a sincronicidade dependa consideravelmente da presença de afetividade, ou seja, sensibilidade a estímulos emocionais.
A sincronicidade, por ter essa característica de interação inconsciente entre o mundo interior (psique) e o mundo exterior (sistema), vem sendo percebida como relevante na obtenção das respostas aos nossos questionamentos de vida no processo de autoconhecimento. Desse ponto de vista, qualquer símbolo utilizado na comunicação e interação do indivíduo com o mundo, como imagens, cores, letras, números, se destaca ao apresentar-se de forma sequencial e sistemática à nossa volta, gerando um evento sincrônico e simbólico.
Nossa mente é extremamente poderosa e ainda hoje existem muitos mistérios que envolvem esse campo, por essa razão há quem duvide dessa capacidade psicológica, porém Jung confronta:
“O ceticismo deveria ter por objeto unicamente as teorias incorretas, e não assestar suas baterias contra fatos comprovadamente certos. Só um observador preconceituoso seria capaz de negá-lo. A resistência contra o reconhecimento de tais fatos provém principalmente da repugnância que as pessoas sentem em admitir uma suposta capacidade sobrenatural inerente à psique”. - Carl G. Jung
Talvez a grande função da sincronicidade seja nos lembrar que fazemos parte do universo e que o universo pode sim se comunicar com a gente, basta a gente se permitir diante desses "mistérios" da existência".
"Sincronia é a realidade sempre presente para aqueles que têm olhos para ver" - Carl G. Jung
